A bússola: Quatro Estados Internos que Transformam Desafios em Crescimento
Há algum tempo,
Li algo que me tocou profundamente. Dizia que, em qualquer situação, podemos escolher estar num destes três estados: aceitação, satisfação ou entusiasmo. Acredito que tenha sido Eckhart Tolle ou Deepak Chopra a falar sobre isto, como níveis de consciência a partir dos quais podemos viver. Esta ideia ficou comigo. Fez-me refletir sobre a forma como tenho lidado com a mudança, o desconforto e a adversidade. Mas, com o tempo e através das minhas próprias experiências, algumas dolorosas e outras libertadoras, percebi que faltava um primeiro passo antes desses três: o render.
Foi assim que cheguei ao que hoje acredito serem os quatro estados internos que atravessamos sempre que enfrentamos um desafio:
1. Render
Este é o momento em que deixamos de resistir ao que é. É a decisão silenciosa de parar a luta interna. Não se trata de desistir, mas sim de largar. É a brecha por onde a luz entra pela primeira vez. Render não é fraqueza, é uma enorme coragem. É dizer: “Não sei o que vem a seguir, mas estou farta de lutar contra o momento presente.”
Na minha vida, reparei que sempre que me agarro com força, a uma identidade, a um plano, a uma pessoa ou a um resultado: sofro. Mas, no momento em que me rendo, abre-se espaço. É como descruzar os dedos depois de os manter apertados durante demasiado tempo.
2. Aceitação
Depois de nos rendermos, a aceitação começa a florescer naturalmente. Deixamos de discutir com a realidade. Paramos de dizer “isto não devia estar a acontecer” e começamos a dizer “ok, isto é o que é. E agora?”
Aceitar não é o mesmo que concordar. Significa apenas deixar de resistir. É cair no momento presente. E, nesse espaço, conseguimos voltar a respirar.
3. Satisfação
Com a presença contínua, começamos a notar pequenas faíscas de contentamento. Mesmo nas dificuldades, há momentos de beleza. De gratidão. De paz. De aprendizagem.
Satisfação não quer dizer que tudo está perfeito, mas sim que conseguimos dizer: “Estou bem, aqui e agora.” É subtil, mas poderoso. Traz-nos enraizamento mesmo quando o exterior está longe do ideal.
4. Entusiasmo
E, se continuarmos abertos, algo lindo acontece: o entusiasmo regressa. Voltamos a sentir inspiração. Energia. Vontade de agir com intenção.
Este é o estado onde nos reconectamos com o nosso propósito. Já não forçamos a vida, dançamos com ela. Tornamo-nos cocriadoras, não vítimas. O entusiasmo é o resultado natural de quem atravessou a resistência, encontrou aceitação, descobriu paz e está agora pronta para agir com alegria.
Uma Reflexão Pessoal
Olhando para trás, reconheço estes quatro estados em quase todos os momentos de viragem na minha vida. Quer tenha sido deixar algo que amava, entrar no desconhecido ou começar de novo, esta sequência repetiu-se sempre.
Tudo começa com o render. Depois vem a respiração estável da aceitação. Em seguida, o murmúrio tranquilo da satisfação. E por fim, o fogo do entusiasmo.
Isto não é uma fórmula rígida, às vezes andamos para trás, saltamos etapas ou ficamos presas mais tempo num dos estados. Mas saber que estes estados existem dá-nos uma bússola. Uma forma de atravessar o caos com mais leveza.
Por isso, da próxima vez que a vida parecer pesada, pergunta a ti mesma:
Em que estado estou agora?
E se ainda não estás na aceitação, satisfação ou entusiasmo, talvez o que precisas seja simplesmente render-te primeiro.
Com amor,